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Sustentabilidade se mede?

Foto do escritor: Aptidão TreinamentoAptidão Treinamento

Sim, se mede! Aliás, se não medir, não dá para saber se é sustentável. Mas como medir?



Não dá para dizer que há uma maneira única, uma "régua" específica, mas há várias réguas que podem auxiliar nesse processo.


Um primeiro passo é saber o que se quer conhecer. Se o setor alimentício for o alvo, pode-se buscar alvos mais específicos como o setor de proteína ou hortifruti ou massas. Com um foco mais fechado, passa-se à busca por atividades em prol da sustentabilidade no setor. Como ele trata a questão ambiental, a responsabilidade social e viabilidade técnico-econômica. Ao mesmo tempo em que há técnicas e ferramentas genéricas que atendem a qualquer setor ou produto, há outras dedicadas e customizadas para as realidades específicas.


Mas independente das características do setor, há um desafio comum a qualquer um: os dados. Em tempos de big data, o problema já não é tanto levantar os dados, mas organizá-los e dar-lhes sentido, transformá-los em informação.



"Os dados são o novo petróleo" é uma frase que repercutiu no mundo dos negócios e chancela a "Sociedade da Informação". O interessante aí é que o petróleo também é um dos símbolos da queda do modelo de desenvolvimento socioeconômico fóssil e predatório que vigorou no século XX e que, em grande parte, graças ao melhor entendimento (dados e informação!) de como os recursos fósseis são deletérios à saúde do planeta, novos modelos bioeconômicos e circulares têm se apresentado como opções de transição para salvar a todos.


De posse dos dados, faz-se necessário processá-los para que se tornem úteis ao propósito definido. Se este é saber o quanto a produção de ovos é sustentável, tais dados deverão permitir entender a eficiência da cadeia produtiva de ovos, os consumos de água, energia, recursos naturais renováveis e não-renováveis, os resíduos sólidos, as emissões gasosas, os efluentes líquidos, as condições de trabalho dos funcionários, o atendimento à legislação, os custos fixos e variáveis, ...


Enfim, muitos dados para processar. Aí entram os métodos e técnicas de avaliação. E qual escolher? Depende do que se quer responder e com qual profundidade. A Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) é uma das mais robustas e respeitadas mundialmente. Ela é normalizada (ISO 14040 e 14044) e vem sendo desenvolvida há mais de 50 anos, com congressos e revistas científicas dedicadas. Hoje a ACV já transpõe as fronteiras acadêmicas, sendo utilizada para suportar políticas públicas como a Política Nacional de Biocombustíveis - RenovaBio.




A ACV não vai dizer se algo é sustentável ou não, mas vai apontar os pontos críticos ao longo do ciclo de vida de um produto que interferem no seu perfil ambiental. A técnica está avançando muito também para responder sobre a questão social relacionada a produtos e serviços. E seu último desafio tem sido responder a sustentabilidade do ciclo de vida de um produto.


Mas o grande desafio não está nos dados ou na capacidade computacional de processá-los e sim na comunicação da informação e sensibilização da sociedade. De nada adianta termos rótulos ambientais nos produtos, políticas públicas, coleta seletiva ou qualquer outra iniciativa sustentável se a informação não chegar ao cidadão. Temos que ter a capacidade de entender as consequências socioambientais das nossas escolhas e a coragem de mudar para estilos de vida mais equilibrados com a natureza.


Pense nisso ao fritar o próximo ovo!

Texto: Thiago Oliveira Rodrigues - Engenheiro Florestal, PhD. Pesquisador em Sustentabilidade.



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